Lembro que o primeiro Lords of the Fallen, lançado em 2014, foi um dos primeiros jogos estilo souls-like, senão o primeiro, que não era da From Software. Como eu já tinha consolidado Dark Souls como um dos meus jogos favoritos, e já jogado Dark Souls II e Demon’s Souls, acabei jogando o primeiro Lords of the Fallen e realmente gostado da experiência, apesar da recepção do público geral ter sido bem mediana. Sendo assim, estava aguardando com expectativa o reboot da franquia. Mas, não tive a experiência que gostaria (pelo menos no começo.)
Conheça o jogo: Lords of the Fallen é um RPG de ação, estilo souls-like (Dark Souls, Elden Ring, etc) e ambientação dark fantasy, desenvolvido pela Hexworks e publicado pela CI games, lançado em 13 de outubro de 2023 para PlayStation 5, Windows e Xbox Series X/S. É um reboot do jogo de mesmo nome, lançado em outubro de 2014, com mapas muito maiores, novas mecânicas e gráficos muito bonitos.
Ganhei Lords of the Fallen do Rodrigo de presente de aniversário, já que o jogo foi lançado no dia seguinte. Como já tenho uma boa experiência em jogos estilo souls-like, estava esperando uma experiência desafiadora, mas nada que eu já não estivesse acostumada. Comecei criando minha personagem e escolhi a classe Guarda Penapreta, que era mais versátil e assim poderia atribuir os pontos mais de acordo com o que eu achasse necessário. Após a introdução da história, como de praxe, segui um caminho para aprender os comandos do jogo e também fui apresentada a mecânica que seria muito importante no meu progresso: com a lanterna recém adquirida, entrei no Umbral, o mundo dos mortos, onde o jogo é mais difícil, tem mais inimigos e caminhos para lugares que você não teria acesso no Axiom, o mundo dos vivos. Achei isso bem interessante. É possível utilizar a lanterna para exibir parcialmente o Umbral, assim você continua em Axiom. Mas em alguns casos é necessário acessar totalmente o Umbral, seja pela lanterna ou morrendo.
Veio o primeiro chefe. Como já é comum em souls-like, o chefe é muito mais forte que você e tem 99,99% de chance de você morrer (mas sempre tem um doido que consegue passar). Logo, você precisa morrer pra seguir a lore do jogo.
Momento confissão: eu até tento, mas não costumo prestar muita atenção na história de jogos onde o foco não é narrativa. Muitos jogos souls-like fazem isso, e LOTF não é exceção, então vou dar apenas um resumo da história: Seu personagem é um Cruzado das Trevas, e sua missão é vencer Adyr, o deus-demônio. O novo LOTF se passa 1000 anos após o primeiro, onde neste o Adyr foi derrotado, mas retorna nesse reboot da série. Então, agora é só ir pra frente e sair matando tudo que aparecer.
Bom, não tão pra frente assim. Logo nas primeiras horas já encaro um grande problema do jogo: a performance. Infelizmente, em alguns momentos era impossível de jogar devido aos travamentos da câmera. Após derrotar a primeira grande chefe, no qual foi necessária muita paciência pois quase não tirava vida dela, cheguei a área central do jogo, Descanso Celeste. Lá, conheci alguns NPC’s que me ajudariam (ou não) na jornada. De lá, era possível prosseguir, e assim fui, mesmo com os travamentos terríveis.
Foi ai que, após jogar por boas horas, vi que não estava saindo do lugar. Além disso, a mecânica de entrar no Umbral e derrotar inimigos infinitos estava deixando tudo MUITO difícil. Ainda pensei: ‘Tô fazendo alguma coisa errada, não é possível’. Progredi um pouco, matei uns chefes não muito fortes, mas em alguns eu simplesmente não conseguia avançar. O jogo estava me deixando frustrada.
Juntando os problemas de performance, meu desempenho ruim e totalmente perdida, deixei o jogo de lado. Resolvi esperar umas semanas para ver se sairia alguma atualização para correção dos travamentos, se mudariam algo, pois o jogo não estava me divertindo (sim, eu desisto quando vejo que o jogo está me frustrando).
Resolvi jogar Lies of P, souls-like ambientado na história do Pinóquio, e QUE JOGO! Bonito, performance bonita, história bonita (esse eu prestei atenção), gameplay delícia, me apaixonei! Mas, deixarei pra falar desse jogo outro dia.
Tentei mais umas duas vezes jogar LOTF, mas, não ia. Criei novo personagem, outra classe, mas ainda assim, enroscava. Passou um bom tempo, e nesse tempo joguei vários outros jogos, entre eles Elden Ring Shadow of the Erdtree, o suprassumo do souls like, ou seja, precisaria de muita vontade pra voltar. 10 meses depois do lançamento, falei: ‘Bom, agora PRECISO zerar LOTF’. Poxa, ganhei de presente de aniversário, adoro souls-like e estava aguardando muito esse jogo, não posso desistir assim. Voltei pro meu primeiro personagem, que já estava mais avançado, pois já não estava mais com paciência pra começar novamente.
Ainda sem progredir, comecei a me questionar se não tinha um lugar pra melhorar o nível das minhas armas, pois eu só estava tomando surra dos inimigos. Achei que eu ainda estava longe de encontrar algum ferreiro (novamente, não pesquisei nada sobre o jogo), mas vendo minha frustração e ficando com dó de mim, meu marido pesquisou onde estava esse maldito ferreiro (sim, não quis pesquisar por que eu sou dessas). O cara estava BEM escondido, acho que não iria encontrá-lo nunca. Mas quando finalmente consegui fazer os upgrades nos meus equipamentos, veio a glória: FINALMENTE consegui avançar no jogo. Os problemas de performance melhoraram um pouco, ainda que em alguns lugares estava bem complicado, mas deu pra prosseguir.
Consegui avançar, mas isso não quer dizer que ficou fácil. Ainda achava que a mecânica do Umbral não deixava o jogo só difícil, mas sim frustrante. O porque? Digamos que você pode morrer duas vezes no jogo: se você está em Axiom, no mundo dos vivos, a mecânica segue a mesma de outros souls-like: você mata os inimigos e eles não aparecem mais até que você descanse no lugar apropriado ou morra. Em LOTF, se você morre no mundo dos vivos, você ‘renasce’ no Umbral, o mundo dos mortos. Nesse mundo, além dos inimigos do Axiom que você não matou, aparecem diversos outros numa espécie de espectro, mas que dado um tempo voltam a aparecer, ou seja, esses inimigos nunca vão acabar até que você descanse ou volte para Axiom através das esfinges. E mais um detalhe: se você demora muito para sair do Umbral, aparece um maluco praticamente impossível de matar e fica na sua cola o tempo todo. Sabe quando toca a musiquinha do Sonic indicando que você está prestes a se afogar? É assim que eu me sentia.
Eu de verdade achei muito legal essa mecânica, de alternar entre os mundos, mas o fato dos inimigos ficarem aparecendo aos montes frustrou algo que adoro fazer nesse tipo de jogo: a exploração. Porque morrer era inevitável, mas você pode continuar no modo Umbral, até porque muita coisa acontece só lá. Mas por muitas vezes não é possível dar conta de matar todos os inimigos, você precisar correr para chegar até onde estava, e com isso, adeus exploração. Só consegui explorar bem após avançar bastante no jogo e ir voltando aos lugares mais fáceis.
Mas, passado todo o começo conturbado, consegui pegar o jeito. O meu problema estava em um chefe que não conseguia passar e que era o caminho que deveria seguir para prosseguir no jogo. Eu pensava que ainda não era o momento de enfrentá-lo, mas não, só estava bem capenga mesmo. Depois de matá-lo, a coisa fluiu mais naturalmente. Conforme fui avançando, o Umbral já não era mais um tormento, e até consegui matar o maluco impossível que falei anteriormente, e que dá até uma conquista. Falando nisso, possivelmente não pegarei todas, pois infelizmente tem conquistas online e não apareceu jogadores pra que eu pudesse fazê-las. Meu ódio por conquistas online será tema de um post futuro.
LOTF possui 3 finais, e consegui chegar em um deles após mais de 100 horas. Pois é, o começo me tomou muito tempo, mas como sou brasileira e não desisto nunca (brincadeira, as vezes desisto sim), esperei o momento certo pra continuar. Mas já adianto: até dado momento, a performance do jogo continua sendo o grande problema, e pelo jeito vai ficar assim mesmo. No geral, gostei bastante da ambientação e não tem como não comparar com Dark Souls, no design dos inimigos, nos lugares e na história não tão bem contada. Além do que, o jogo é belíssimo, vejam as imagens abaixo e tirem suas conclusões:
Então, se você quer se aventurar em Lords of the Fallen, aqui vai algumas dicas da Ana:
1) No início, evite de andar pelo Umbral, apenas se for realmente necessário. Deixe para explorar o Umbral quando seu personagem estiver forte e com upgrades nas armas.
2) Encontre o ferreiro. É bem fácil você simplesmente não encontrá-lo. Fica próximo da área central do jogo (entende-se como próximo para o estilo souls-like, ou seja, vai ter que rodar um pouco).
3) O jogo possui poucos vestígios (locais para salvar, descansar e subir de nível). Tente sempre encontrar atalhos, ou use as Sementes de Vestígio para ativar um vestígio temporário. Mas cuidado, essas sementes são limitadas, não use sempre que aparecer o local para ativá-las, e sim quando estiver em uma situação bem complicada.
Mas e ai, Ana, gostou do Lords of the Fallen?
Apesar do começo meio conturbado, performance capenga em alguns momentos e algumas frustrações com a mecânica do jogo, eu gostei sim, claro! Adoro passar raiva nos jogos (juro que não estou sendo irônica). Acredito que Lords of the Fallen tinha um grande potencial pra se tornar um dos grandes souls-like da geração, devido a grandiosidade e da mecânica entre mundos bem interessante, mas pecou por ser mais frustrante do que difícil e por ainda seguir muito na sombra de Dark Souls (não acho isso ruim, mas o jogo poderia ter seu brilho próprio).Não é um jogo para se dispensar, pois a ambientação é belíssima, algumas lutas são muito bem executadas e possui uma diversidade enorme de armas, armaduras e magias, o jogo é bem competente nesse ponto. Mas não será aquele jogo marcante, que você lembra os detalhes mesmo após alguns anos. Não recomendo LOTF se você nunca jogou nenhum souls-like. Então, se você também desistiu do jogo no começo, dê mais uma chance que o jogo entrega diversão (pra quem acha divertido jogos difíceis. Tem uns doidos assim 🙋🏻♀️.)
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